segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010

Segurança x Esporte de Alto Rendimento: Somos tão incompatíveis assim?

Durante essa semana eu estava fazendo algumas pesquisas num terminal da Bloomberg. Diferente do que devem estar pensando, o objetivo da minha pesquisa não era econômico, mas sim esportivo. Lendo algumas notícias sobre as Olímpiadas de Inverno uma me chamou a atenção: A morte no Luge Olímpico não Deveria Surpreender Ninguém (by Scott Soshnick)
.
Resumindo e traduzindo algumas passagens o texto mostrava como, da forma como as coisas caminham no esporte, onde o extremo já não era mais extremo o suficiente, inevitavelmente alguém iria acabar morrendo. Era inevitável. Um dia depois, uma competidora de Luge (a australiana Hannah Campbell-Pegg) foi extremamente feliz nos seus comentários, quando disse "Eles estão forçando demais" não deixando muito claro se falava do comitê olímpico ou dos técnicos; "...somos apenas pequenos lemmings que eles apenas atiram em uma pista como bonecos de crash-test? Eu digo, essas são as nossas vidas."

Shaun White, snowboarder norte-americano assumiu "Eu estava com muito medo. Eu nunca admiti isso, mas eu estava com medo de fazer essa manobra" pouco depois de executar o chamado "Flying Tomato", onde executa um giro de 1260 graus. Por que executá-la? Simplesmente porque quando o público já se acostumou com você fazendo 900 graus, eles querem 1080, depois 1080 com um twist, no hands, com a base trocada...e por que não 1260 graus? O desejo do público por mais perigo força o atleta a limites cada vez mais insanos.

Vamos trazer esse pensamento para nossa área. Quando assistimos a jogos antigos de Football, não necessariamente em preto e branco, muitas vezes ficamos entediados. O jogo era mais lento, os atletas não eram tão fortes, a necessidade de ter um corpo praticamente perfeito e moldado para o esporte inexistia. E isso não nos interessa mais. Queremos Dawkings, Urlacher, Reed, Lewis. Big Hits!

Essa passagem imediatamente me levou a refletir sobre um assunto que vem sendo discutido na NFL e foi tema de acaloradas conversas na lista RedZone poucos meses atrás, que é a questão de vetar o uso de helmets na NFL. Não entendeu? Eu repito. TIRAR OS CAPACETES! Absurdo? Depende do ponto de vista.

A sociedade médica especializada é enfática quando diz que o uso dos capacetes evita sim uma concusão que poderia levar à morte de um jogo dentro de campo. Porém, o perigo maior não é uma única pancada forte que leve a esse final tráfico. O inimigo é insivível e paciente. Lento e letal. O dano cerebral não é necessariamente o resultado de algum trauma específico, mas do acúmulo de centenas de aparentemente inócuos golpes na cabeça.

O grande problema é que não existe NENHUM helmet que consiga fazer com que o cérebro deixe de receber uma série de pequenos impactos. Em termos práticos: para ser certificado para venda um helmet deve possuir um "severity index" de 1.200, de acordo com testes feitos pelo National Operating Committee on Standards for Athletic Equipment, ou Nocsae. No entanto, os prórpios médicos da Nocsae concordam que, para prevenir perfeitamente as concusões, os helmets deveriam ter um índice de 300, ou seja, 4 vezes mais fortes! A forma de fazer isso? Aumentando o tamanho do helmet, o que é impraticável pois simplesmente transferiria a lesão para o pescoço e para a coluna.

As opiniões dos jogadores divergem. Todos concordam que as necessidades do esporte empurra o atleta a ser cada vez mais agressivo e, porque não dizer, inconsequente com sua saúde física. No entanto, retirar os helmets alteraria demais a dinâmica do jogo. Basicamente, não estaríamos mais assistindo Football. Melhor ou pior do que um dano cerebral irreversível? Acredito que o início do meu texto responda muito bem essa questão.

Com o crescimento do esporte no Brasil e a importação dos materiais de proteção tendo um boom em 2009 e início de 2010 essa questão voltou a passar pela minha cabeça. O fato indiscutível é que o helmet, na mesma medida que reduzem as chances de ocorrer uma morte em campo, dão uma falsa sensação de invulnerabilidade que encoraja os jogadores a colidir com mais força e mais vezes. "Em praticamente todas as jogadas você recebe algum golpe na cabeça." diz Jake Long, OT do Miami Dolphins.

Dessa forma conseguimos, inclusive, justificar uma falsa visual disparidade técnica entre os times brasileiros que jogam full pad há algum tempo dos outros times, que ainda buscam alternativas para adquirir os equipamentos. Quando você não está (pelo menos na sua mente) totalmente protegido, o instito de preservação é natural e os tackles e pancadas ficam, digamos assim, menos plásticos.

Uma das medidas que eu acredito que já tinham que ser tomadas, especialmente para times que estão fazendo amistosos e Bowls "no pad", é proibir os 3 pontos na linha ofensiva antes das jogadas. Julian Bailes, neurocirurgião americano que conduziu uma série de pesquisas sobre o assunto defende essa idéia dizendo que essa regra iria prevenir que os jogadores avancem inicialmente com suas cabeças.

Para não dizer que não falei das flores, e voltando ao início desse longo texto, mais uma vez voltamos à questão da paixão e do espetáculo contra o prudente e saudável. O esportista sabe onde está se metendo quando resolve entrar de cabeça (perdão pelo trocadilho infame) em algo. A NFL teve seu alicerce na idéia de que jogadores podem correr na direção uns dos outros a altas velocidades sem nenhuma consequência. É a mesma idéia que fez a NASCAR tão popular nos Estados Unidos. No final das contas, os jogadores e suas famílias fazem uma escolha entre correr o risco de futuros problemas neurológicos ou apreciar o esporte nos estádios, torcendo. "Sem os helmets eles não bateriam suas cabeças tantas vezes em jogadas estúpidas" diz P. David Halstead, diretor técnico da Nocsae, "mas sem os helmets, o jogo não seria football".

Aos jogadores e técnicos do F.A. nacional, apenas uma sugestão/apelo: esperamos muito para termos os equipamentos. Não se apressem agora para sair jogando o quanto antes. Uma preparação e adaptação bem feita e coordenada por profissionais da área médica e de educação física pode ser o divisor de águas entre apenas sentirmos dores fortes ou enterrarmos um amigo na segunda-feira de manhã.

[Thiago Uruk]

sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010

SP PIRATES: A Força do Football Feminino em São Paulo

Dando seguimento a matéria do futebol americano feminino, fomos mais afundo e entrevistamos o time do SP PIRATES, localizado na grande São Paulo. Novo nos gramados, mas com jogadoras de experiência, o SP PIRATES é uma amostra de garra, determinação e vontade de vencer, superando todos os desafios e preconceitos que as mulheres enfrentam em qualquer esporte.

Entrevistamos Taira Monezzi, Presidente e Andressa Puodzius, Capitã Defensiva do time, nos contando sua história, suas superações e projetos.

Nome, idade, posição em diretoria no time e em campo?
Taira Monezzi, 23 anos, Manager e Fundadora/Presidente do São Paulo Pirates. Atualmente jogo como Defensive End, mas revezo na Offensive Line também.

Como se interessou pelo F.A., e qual o seu grau de instrução sobre o mesmo?
Conheci o Flag através de um amigo meu que joga há anos,  desde o primeiro contato com a modalidade achei fantástica e me identifiquei logo de cara. Sinceramente, acho que meu grau de instrução não é dos mais altos, sempre tem algo novo pra aprender e regras que mudam do dia pra noite, mas consigo me virar bem (ou pelo menos eu tento!..rs).

Como surgiu o SP PIRATES, ano, idéia do nome e no que se baseou para monta-lo?

Quando conheci o Flag, entrei em uma equipe feminina e fiquei lá por um tempo, o SP Spartans. Por motivos variados, decidi sair... Mas como não queria parar de jogar resolvi montar o SP Pirates.
O time surgiu em Setembro de 2009... Algumas meninas do mesmo time resolveram sair e vir comigo também, mais meninas de outros times e algumas que nunca jogaram vieram e cá estamos. O nome foi bem fácil escolher, porque eu gosto muito da temática “Pirata”, da história, cultura e de toda a parte lúdica desse nome... Incorporamos muitas coisas desse tema no nosso time, e pra mim é uma satisfação enorme poder juntar coisas que eu gosto em uma só.

Como está seu grupo hoje, número de jogadores, comissão técnica, diretoria, como funciona a organização?
O time tem poucos meses de vida, estamos engatinhando ainda. A organização é bem simples e ainda não temos muitos níveis hierárquicos definidos. Temos aproximadamente 20 jogadoras, 1 Coach -Fábio, Capitã de Defesa -Andressa, Capitã de Ataque -Mari, Acessora de imprensa – Gizão e a Manager/Presidente, que sou eu.

Como funcionam a seleção de suas jogadoras?
Como funciona? Ela não existe, simples assim. Não existem seleção, nem draft, nem peneira. Força de Vontade é o único requisito. Se a garota esta disposta a jogar, então está dentro do time.

Além da modalidade flag, já interessou a vocês jogar a modalidade tackle?
Não. Tackle por enquanto não esta nos planos do Pirates, temos uma jogadora que faz parte da seleção brasileira feminina de tackle, e nos orgulhamos muito disso... Mas por hora, o flag é o foco principal do time.

Cerca de quantos jogos disputados vocês tem?

Apenas um, um amistoso contra o Rhynos Ladies que aconteceu em Novembro e 2009.

Novos projetos para o time?
Estamos avaliando agora a nossa participação em um torneio feminino que haverá em Março. Mas certeza mesmo será o torneio feminino oficial em Junho ou Julho organizado pela LPFA.

Divulgação:
Quero agradecer aos Corsários pelo convite e aproveitar para convidar qualquer garota interessada em Football a participar de um treino, será muito bem vinda! Qualquer dúvida, estou a disposição!

Orkut: http://www.orkut.com.br/Main#Profile?uid=12720761567447016641
Msn: tairamonezzi@hotmail.com 


Nome, idade, posição, tempo de esporte e passagem por outros times?

Andressa Puodzius Rocha, 18 anos, já joguei como Center (C) e Guard (G)... atualmente jogo como Defensive End (DE), pratico o esporte a 2 anos, passei pelo Palmeiras Locomotives Feminino e atualmente jogo pelo Sp Pirates.

Como conheceu o SP PIRATES? E a quanto tempo está nele?
Conheci por uma comunidade no orkut, estou nele desde o inicio, podemos dizer que a 5 meses.

Nos dê uma descrição sobre o seu time sobre a evolução desde quando entrou e até hoje?
A garra e a força de vontade das meninas, eu já conhecia o esporte mas muitas que entraram no começo nunca tinha jogado ... e a garra que elas tiveram e que só vem aumentando até os dias de hoje faz com que elas dêem de 10 x 0 em muita veterana no F.A por ae, um grande exemplo de garra e força de vontade é a nossa Guard (G), Elâine.

A equipe do ABC CORSÁRIOS BLOG-FOOTBALL Agradece ao SP PIRATES pela entrevista concedida, GO FOOTBALL!!!

[Alex Moura]

terça-feira, 16 de fevereiro de 2010

COMERCIAIS DO SUPER BOWL

Além de todo o espetáculo, todos nós realmente ficamos esperando chegar a hora dos comerciais, só para seguir a tradição dos que não podem ir até o EUA assistir de pertinho. Mais claro que todos segundos, na transmição mais famosa do mundo, é caro, diria ABSURDAMENTE CARO, a cada 30 segundos de um comercial no SB(Super Bowl) pode valer a bagatela de $ 2.800.000,00(Dados do comercial mais caro transmitido pela CBS), ou seja, não é um absurdo?.

Um dos comerciais do Super Bowl 2010, com a paródia do seriado Lost:



Voltando ao SB;
O Super Bowl passou a ser transmitido pela primeira vez em 1967, através dos canais NBC e CBS para todos os Estados Unidos, com isto, o fator audiência trouxe ao futebol americano a influência da publicidade e do marketing, transformando o esporte no maior centro da comunicação mercadológica mundial, onde a mídia televisiva pode chegar a custar US$3.000.000,00 (três milhões de dólares). Bom, já que não pagamos nada, aqui vai um link de uma votação dos melhores comerciais do Super Bowl, transmitidos ao longo dos anos. Vale apena conferir!!!

COMERCIAIS MAIS FAMOSOS DO SUPER BOWL

[Alex Moura]

SUPER BOWL

Caros Amantes: Venho apenas lhes apresentar um brilhante vídeo sobre alguns momentos do SUPER BOWL, o maior campeonato da bola oval, agora pra vocês uma palhinha de o quanto é maravilhoso, violento, deslumbrante e viciante o nosso esporte...O FUTEBOL AMERICANO!




Eu já disse que amo esse jogo?, se não...I LOVE THIS GAME!!!!


[Alex Moura]

Um towchdown cor-de-rosa


Apesar de todo feminismo do século XXI, de toda a evolução da época, muitos ‘machões’ ainda acham que lugar de mulher é na cozinha. Generalização talvez? Ok. Vamos melhorar. Muitos ainda acham que lugar de mulher é casa-trabalho-casa. Ou que mulher é o lado frágil da relação, o lado sensível que só se preocupa com salão de beleza, manicures, família, namorado/marido. Resumindo: a mulher nasceu pra exercer a função somente de protetora do lar e de sexo frágil, certo? ERRADO! Atualmente eu diria que lugar de mulher é no campo de futebol. E digo mais. Não só do futebol convencional, mas do futebol americano. E se vocês pensam que estou dizendo isso por causa das ‘cheerleaders’ (as animadoras de torcidas, que organizam dança com musica e animam suas equipes nas partidas), erraram outra vez. Estou falando de mulheres em campo. Jogadoras. Mulheres que optaram pelo futebol americano como o esporte de seu dia-a-dia e enfrentam o cansaço, o preparo físico e toda técnica que o esporte envolve. 

Assim como na versão masculina do esporte, a versão feminina também tem seus torneios e suas modalidades. Existe o esporte praticado em campo e areia, as modalidades flag e tackle, todas cheias de toques femininos.


E se você achava que futebol americano era coisa só pra homem, mude seus conceitos. As mulheres também estão se destacando no esporte e cada vez mais adquirindo respeito pra conquistar seu lugar no mundo do towchdown. 

[Livia Garavello]

quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010

A paixão pelo esporte falando mais alto


"...Chato, ranzinza e turrão..." 
    É com essas três palavras que Thiago "Uruk" Ururahy de Oliveira Corrêa, 27 anos, torcedor do NEW ORLEANS SAINTS, e Técnico do ABC CORSÁRIOS se define. Em entrevista ao blog ele falou sobre o time, futebol americano e sua vida dentro do esporte.

ABC Corsários - Como conheceu o Futebol Americano?
Uruk - Logo que eu entrei na USP, em 2002, alguns amigos que fiz lá me convidaram para assistir o Super Bowl na casa de um deles. Foi o primeiro contato direto com o esporte e paixão à primeira vista.

Qual é seu tempo de conhecimento do esporte?
Assistindo, desde o Super Bowl de 2002 (Raiders e Bucs). Estudando há cerca de 5 anos.

E há quanto tempo pratica o Futebol Americano?
Pratico há aproximadamente 4 anos, a maioria desse período apenas como jogador e capitão de defesa.

Como começou o seu trabalho como "Head Coach"?
Durante uma breve passagem pelo São Paulo Storm, uma velha lesão no ombro esquerdo voltou a me incomodar. Eu já tinha o plano de, em 2 ou 3 anos, largar os campos e me dedicar aos estudos e ao trabalho como coordenador, mas a lesão adiantou isso. Veio o convite do Peixe (coordenador ofensivo do Storm) para que eu ficasse como auxiliar no mesmo momento em que algumas pessoas estavam colocando o projeto do Corsários para andar. Resolvi abraçar o que me pareceu ser o desafio maior. E aqui estamos.

Teve algum apoio para seguir adiante?
Todas as pessoas que hoje são a atual Diretoria do ABC Corsários foram cruciais. Principalmente nos momentos iniciais de um time é normal ter dúvida se aquilo vai chegar em algum lugar, mas eles foram realmente parceiros e me botaram pra trabalhar forte. O resultado vem sendo muito gratificante.Outras pessoas que eu não posso esquecer são os antigos parceiros de Werewolves. Destaco aqui o Vagão (Spartans) e o Kosiski (Storm), que são caras que eu sei que torcem muito para que o ABC Corsários se fixe como uma grande força do FA em SP.

Como e quando surgiu o ABC Corsários?
O Corsários antes de um time é um projeto, tanto que muitas das coisas que planejamos ainda mal saíram do papel, como criação de um projeto social contra a obesidade infantil, inclusão de jovens carentes, etc. Mas, o início de tudo se deu através do time ABC CORSÁRIOS FUTEBOL AMERICANO, que foi criado com o intuito de dar uma saída organizada e desenhada em moldes empresariais para os jogadores da região do ABC que não aceitavam o fato da região ser uma potência secundária (ou até terciária) dentro do Estado. A população do ABC é crescente, assim como os recursos e o tipo de empresas que temos hoje gerando riqueza. O nível de vida da população aumentou nos últimos anos e não fazia sentido que, por mera falta de organização e de um projeto sério, a região seguisse no ostracismo com relação ao F.A. nacional. Quando eu digo sério, digo sem egos, sem visão de lucros, sem sentimento de posse e com pessoas com capacidade administrativa.

Se espelhou em algum time para montar o seu?
Com relação à seriedade do trabalho, sem dúvida o São Paulo Storm. Em partes também com relação à divisão empresarial que eles possuem. Mas a questão não é apenas citar os pontos positivos. Todos os Diretores do Corsários e eu já passamos por uma série de times. Na pior das hipóteses você vê erros que não quer repetir, e isso é um aprendizado muito importante.

Pretende se manter a frente do F.A. por algum tempo determinado?
Enquanto meu cérebro for capaz de continuar aprendendo. O esporte tem que ser uma das coisas mais importantes na vida das pessoas, por tudo que ele ensina e acrescenta seja na saúde, moral e convivência social.

Em quem você se inspirou para se tornar H.C.?
Rex Ryan, sem dúvidas.

Como foi largar praticamente a vida de jogador para ir para a side line?
Foi doída, viu...hahaha. Mas o sacrifício era necessário. Não é aceitável, em um projeto ambicioso como o ABC Corsários, que uma pessoa divida duas funções táticas (jogador e técnico) ou até mesmo que cuide da parte "dentro de campo" e do "extra campo" ao mesmo tempo. O modelo do time pede essa separação para que eu possa dar foco no que é importante. Hoje eu estudo muito mais, leio muito mais, assisto muito mais vídeos, etc. A vivência como jogador de defesa me trouxe uma facilidade para falar a língua que o jogador sabe ouvir e me preparar, como Coordenador Ofensivo, para tudo que uma defesa pode apresentar. Mas nos treinos, quando chegamos quase no final eu me arrisco a entrar em campo também...hahaha.

Como você compara o Futebol Americano lá fora e dentro do Brasil?
O Brasil precisa encarar o F.A. de duas formas: a primeira é não ter vergonha nenhuma de ser um esporte amador. Amador não significa de segunda categoria. A segunda é não ter a velha síndrome de vira-lata. Claro, nunca chegaremos a ter algo próximo da NFL no Brasil, até pelo modelo educacional do país, mas temos totais condições administrativas e de qualidade técnica e tática para sermos os melhores da América do Sul e bater de frente com México e Europa.

Já viajou para outro país por experiência ao esporte? Tem vontade?
Ainda não. Vou viajar para os EUA ainda no primeiro semestre e pretendo trazer mais alguns livros, agora específicos para as questões táticas dos jogos. Como minha atividade profissional é intensa [Uruk é bancário e analista do mercado financeiro] eu estou desistindo de um projeto antigo, que era passar uma pré-temporada em uma Universidade de ponta da NCAA. Fora isso, apenas viajar para acompanhar os jogos do Saints na próxima temporada.

Mais ou menos quantas horas vc gasta por dia, semana ou mês estudando sobre F.A.?
Em média 3 a 4 horas por dia. Entre ler, montar playbooks, conversar com os jogadores fora dos treinos, assistir jogos e planejar os treinos. Na semana isso é somado ao tempo dos treinos em si e só.

Como é sua base de estudos?
Ela foi evoluindo com o tempo. Num dado momento vídeos de outubro ou até de sites especializados deixaram de agregar conhecimento, ou agregavam muito pouco. Então eu passei a beber na fonte primária do conhecimento de FA: os técnicos e ex-técnicos da NFL. Trouxe uma série de livros da Associação dos Técnicos de Futebol Americano (AFCA, na sigla em inglês) diretamente dos EUA e tentei manter algum contato com os coachs das Universidades menores de lá. Consegui algum material assim, que complementaram muito o que hoje nós já conseguimos na Internet. Na questão física eu dei a sorte de morar com um fisiologista cujo campo de estudo está focado na fisiologia do movimento esportivo (meu irmão). Ele me explicou uma série de necessidades musculares que cada posição deveria ter e, a partir de então, selecionei os drills que trariam retorno mais rápido nos treinos.

Como é feito o trabalho semanal, com todas dificuldades de seu emprego atual?
Nessa hora o amor pelo esporte tem que falar mais alto. Durante o dia meu contato é bastante restrito com os Diretores e os membros da Coordenação Técnica. Basicamente postamos alguns comentários no Fórum e mantemos a discussão nesse nível. À noite, quando eu volto para casa, minhas primeiras horas são dedicadas a receber qualquer repasse que a Direção tenha para me dar. A partir daí inicio meu solitário trabalho de estudos. Eu sempre dormi pouco, então só vou pra cama mesmo por volta de 1 hora da manhã.
Mas, novamente, eu friso a estrutura do Corsários. O corpo diretivo é segregado por assuntos e cada um cuida especificamente do que lhe diz respeito. A competência dessas pessoas é tão grande que assuntos que nos outros times que passei eram um "cavalo de batalha" aqui são resolvidos em questão de poucas horas. Tudo democrático, porém, direcionado para quem tem que resolver cada assunto. Se em nenhum momento eu quiser me envolver em questões "extra campo", me limito a estudar, analisar os jogadores e os planos técnicos e táticos. Se os uniformes foram lavados, se o site está no ar, se o amistoso foi marcado, se o caixa está baixo, etc...com essas coisas eu nem me preocupo.

Já pensou em atuar nas demais modalidades do F.A., por exemplo o Flag, como HC? E como jogador?
Nunca joguei flag, mas pretendo. Porém, não como técnico, apenas como jogador. Se o flag entrar realmente no currículo de Educação Física das escolas (aproveito para citar aqui o brilhante trabalho que o professor Claudio Telesca vem tentando desenvolver em SP), nesse caso eu cogito fazer um curso de Educação Física para poder atuar como técnico.

Já pensou em lucrar algo com o esporte?
Nunca. Os que tentaram fazer isso se deram mal e não é por menos. O esporte engatinha no Brasil. Talvez, com o trabalho que as Ligas Regionais fizeram em 2009, tenhamos dado nossos primeiros passos em pé. Mas ainda é muito cedo. Eu costumo dizer, com o perdão da palavra: "Hoje nós estamos aqui nos fodendo, nos arrebentando, gastando dinheiro do nosso bolso e tempo das nossas vidas por um único motivo: a esperança de que, talvez, os nossos netos joguem um campeontato de Futebol Americano organizado em nível nacional. Estamos trabalhando de graça hoje para que, talvez, no futuro, as Universidades e os Governos tenham programas de Futebol Americano, seja de alto rendimento ou como ação social." Essa é a única gratificação que a nossa geração deve esperar.

Quais são as suas metas para o Futebol Americano?
Tenho duas muito claras: ver alguns dos jogadores que eu ensinei a lançar uma bola, fazer 3 pontos ou dar tackle sendo destaque na Seleção local ou brasileira e tornar o ABC Corsários um exemplo empresarial, com sede, campo, material e todo o suporte necessário para a prática esportiva.

Um recado para os adversários?
Se desdobrem para estudar tudo o que há no Futebol Americano. Porque o Corsários será pioneiro em muitas coisas dentro de campo.

Agradecimentos?
Agradeço aos Diretores, citando mais uma vez a competência de todos e, principalmente, aos jogadores atuais do ABC Corsários. Eu sei da dificuldade pessoal de cada um, e o esforço deles será recompensado.

[Alex Moura]

quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010

O começo de uma história



O futebol americano é um esporte extremamente popular nos Estados Unidos. No Brasil, começou a ganhar forças no final dos anos 90. Ainda hoje essa luta continua, motivada por jogadores que querem ver o esporte crescendo no país.
Buscando visar esse crescimento e esse reconhecimento, em maio de 2009, um grupo de amigos da região do ABC paulista, decidiu que havia chegado a hora de inovar, tentar fazer algo diferente pelo futebol americano. Todos eles já haviam jogado em vários times da região e com isso, tinham uma bagagem boa e muita experiência para seguir com esse objetivo.

Selecionaram 25 jogadores sérios que haviam conhecido durante o período que jogaram em outros times e que gostariam que fizessem parte desse novo projeto. Estavam a fim de fazer algo sério. Diferente.

Entraram em contato com esses antigos parceiros e apresentaram a proposta. Todos os contatados toparam logo de cara, pois sabiam da potência e responsabilidade dos organizadores e acreditavam que não seria só mais um time surgindo na região. Seria “O” time, com todos os participantes muito dedicados, que não queriam só jogar. Queriam inovar. Acreditavam que algo diferente estava para surgir. Algo que iria mudar, abalar e incomodar. Nascia então, no dia 20 de Junho, o ABC Corsários. O primeiro time a nascer full pad.

Hoje, o grupo conta com aproximadamente 40 jogadores treinados que são apaixonados pelo esporte e querem levar esse sonho até o fim, revolucionando e abrindo portas para que cresça cada vez mais o futebol americano no Brasil.